O texto sobre o jovem rico é
bastante conhecido pela comunidade cristã. Nesta passagem o jovem é confrontado
por Jesus a escolher: segui-lo e desfazer de seus bens, ou continuar com sua
riqueza, porém distante do Cristo. O jovem, por ter muitas posses, negou seguir
a Jesus, e triste, continuou com seus bens. Então Jesus diz a famosa hipérbole
- É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar
no reino de Deus.
É
notável nos evangelhos a narração de Jesus discutindo sobre riquezas e poderes.
Em muitos de seus ensinos Ele diz que
não devemos nos preocupar com as coisas deste mundo, que devemos cuidar dos
pobres e ajudar os necessitados, e que aquele que quer ser maior deve se tornar
o menor. O próprio Cristo foi um exemplo disso, pois Ele sendo Deus, não quis
riquezas ou poderes, mas foi um homem simples e viveu no meio dos pobres e
marginais da época.
A
Igreja Cristã tentou seguir estes ensinamentos por um tempo, mas depois que ela
se institucionalizou e as novas gerações perceberam que muito se passou e
Cristo não voltou, ser rico não era mais um problema, afinal, por que não
trazer os ricos para dentro da Igreja? Porque assim ela vai se tornar forte e
poderosa, e ela forte e poderosa os monges, padres e bispos não precisam mais
trabalhar, apenas "se dedicar ao Reino de Jesus". Com estes
pensamentos aquilo que era imagem e corpo de Jesus O Cristo se tornou imagem e
corpo de César; opressor, ídolo, egoísta, dominador, perverso e rico, muito
rico. Este sistema humilhante, maligno e explorador, oprimiu e governou o mundo
por mais de um milênio, tirou do faminto para saciar a gula do obeso, e mais
uma vez os "santos" declararam - Crucifica Jesus, César é o nosso
rei.
Os
"santos" perverteram os ensinamentos sagrados. Em suas pregações o
buraco da agulha passou a ser uma porta pequena que o camelo podia passar
ajoelhado, passou a ser uma janela de uma torre de guarda, ou até mesmo liam kamilos ao invés de kamêlos, o que daria amarra de navio. O buraco da agulha se tornou
largo, assim como o "largo caminho" Mt 7:13 passou a ser o caminho
que levava ao Reino de Deus. Os ricos eram ricos porque Deus amava mais a eles
do que aos demais e sobre eles estavam as bênçãos dos céus, e o pobre estava
naquela condição porque eram pecadores e foram colocados por Deus como servos,
para servi aos "amados" poderosos de Jesus. Não muito diferente do
que esta teologia da prosperidade (demoníaca) tem pregado na contemporaneidade.
Que
eu não seja mal interpretado, pois não estou condenando a riqueza. Aquele que
honestamente acumulou bens que goze então da sua conquista, contudo que este
não se corrompa e se dobre diante dos seus troféus, antes saiba que tudo
passará e a erva hoje forte e bela amanhã estará seca e murcha. Deus deve ser
nossa maior glória e riqueza, tanto para o pobre quanto para o rico, e nEle
deve estar o nosso coração, e se o nosso coração estiver nEle seremos
genuinamente discípulos e iguais a Jesus O Cristo.